Empresária e ativista Camila Achutti aposta na MasterTech para democratizar o acesso à programação
A inclusão digital é um dos maiores desafios enfrentados por pequenas empreendedoras e profissionais sem acesso a formação especializada em tecnologia na busca por melhores oportunidades de trabalho. O mercado exige profissionais altamente qualificados, barreira ainda maior para as mulheres, em um meio historicamente masculino. A participação de profissionais femininas em Tecnologia da Informação (TI) cresceu 60% entre 2014 e 2019, mas elas representam apenas 20% da força de trabalho, de acordo com dados levantados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
Reduzir o abismo de gênero na tecnologia é a missão de Camila Achutti, criadora da MasterTech, plataforma de educação voltada para o ensino de programação, um caminho para que as mulheres empreendedoras ganhem a visibilidade necessária aos seus projetos. A iniciativa busca “transformar a tecnologia numa aliada das pessoas, e não em mais um parâmetro desigualdade”.
Camila Achutti recebe o prêmio Women of Vision 2015
Esse empenho em transformar a “tecnologia em um meio, e não um fim”, como ela mesmo define, contribui para que Camila Achutti se tornasse referência mundial na luta de mulheres por inclusão digital, característica que a garantiu o prêmio Women of Vision de 2015, sendo a primeira estudante latina a receber a honraria. Sobre as discrepâncias no acesso à educação digital, a empreendedora comenta:
“A tecnologia deixa de ser um suporte à criação de novos negócios, de novas soluções, e passa a ser mais um parâmetro de desigualdade, que é o que foi a leitura e escrita em tempos mais remotos. E essa é a pauta da MasterTech, desmitificar e tornar a programação e a tecnologia mais acessíveis”
A trajetória de Camila Achutti e o blog Mulheres na Computação
Antes de mergulhar no projeto da MasterTech, Camila Achutti teve uma trajetória consistente no mercado de tecnologia. Formada em ciência da computação, trabalhou em big techs do Vale do Silício, como Google e Intel, e conta que, na época, as empresas ainda estavam no início da jornada em busca da diversidade. Seu blog Mulheres na Computação foi pioneiro no assunto e, com o tempo, passou a ser um espaço colaborativo de mulheres compartilhando experiências na área. A missão de atrair mulheres para o mercado da tecnologia e promover a inclusão digital foi o que a incentivou a empreender.
Ainda na faculdade, ela conta que percebeu que a tecnologia abria portas: “É o melhor super-poder do planeta Terra! Por que as pessoas não viram isso? Por que que outras mulheres não detêm esse poder?”. Para estimular a democratização do acesso à tecnologia, a MasterTech oferece cursos para a formação de profissionais da área, programas para professores e projetos sociais que buscam a transformação social.
Também em busca de ampliar o acesso à formação tecnológica para mulheres, a Women Who Code é uma organização internacional sem fins lucrativos que equipa profissionais com habilidades necessárias para o mercado e incentiva a diversidade nas empresas. O {elas} programam_ promove a inclusão feminina a partir de cursos de formação e conteúdo informativo, a fim de transformar o perfil profissional de empresas de tecnologia no país.
Texto: Júlia Bonin / Entrevista: Patricia Travassos
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