No momento você está vendo Mulheres Empreendedoras do Café apostam no marketplace para vender

Mulheres Empreendedoras do Café apostam no marketplace para vender

  • Post comments:0 Comentários
  • Reading time:6 minuto(s) de leitura

Danielle Alkmin do Mulheres Empreendedoras do Café conta como plataforma de marketplace agregou valor e dinamizou produção de altitude na Serra da Mantiqueira

Na cidade de Santa Rita do Sapucaí (MG), um grupo de quatro empreendedoras – algo impensável até pouco tempo atrás – é responsável por reaquecer a indústria local a partir do cultivo e processamento de grãos especiais. Uma delas é Danielle Alkmin, CEO da Agrorigem e presidente do grupo Mulheres Empreendedoras do Café, que leva oportunidade e formação profissional para mulheres envolvidas na cadeia cafeicultora. Vinda de família produtora, ela percebeu que o café especial, natural da região, tinha alto valor no mercado e investiu na empresa, que vende e exporta cafés produzidos por mulheres com foco no seu empoderamento e autonomia.

Maior produtor mundial de café, de acordo com a Organização Internacional do Café (OIC), o Brasil ainda concentra parte significativa da produção do grão em propriedades familiares. A atividade que atravessou longos períodos de estagnação no passado, vem se modernizando rapidamente nos últimos anos, seja no uso de processos de produção, ou na visão de gestão do negócio.

Agrorigem: o marktplace como solução das Mulheres Empreendedoras do Café

Entre 2015 e 2016, a cafeicultura passou por um momento de crise na cidade devido ao baixo preço da commodity. Com auxílio do grupo liderado por Danielle, o café especial acabou se tornando a salvação dos produtores da região. A escala produtiva, antes dominada por homens, passou a incluir mais mulheres interessadas em diversificar e inovar o mercado cafeicultor, o que fez a diferença. 

“A cada semana entrava uma no grupo. Fomos tomando força e hoje somos 84 mulheres movimentando a cidade”.

A plataforma da Agrorigem funciona como marketplace para dar oportunidade de vendas aos pequenos produtores, realizando a ponte entre eles e o mercado. A empresa utiliza o Direct Trade para fazer a logística interna para exportação para países como Canadá, Estados Unidos e Austrália, por exemplo. O modelo beneficia os produtores, que recebem maior valor remunerado pelo produto. 

Empreendedoras ainda sofrem preconceito no agronegócio

Porém, nem sempre é fácil ser mulher no agronegócio. Danielle passou por uma situação desagradável ao negociar com um iraniano que não respeitava o fato de a CEO da empresa ser uma mulher. “Quando meu pai, sócio da empresa, chegou, eles ficaram conversando e eu de escanteio. Ele falava pra resolver comigo, mas o comprador ignorava. Depois, o iraniano me disse que, se não conhecesse meu pai, não compraria café de mim, com a desculpa que meu time era muito jovem”, conta. No final, eles acabaram não fechando o negócio.

Felizmente, a presença feminina à frente de negócios no campo começa a se impor em praticamente todas as culturas. O número de estabelecimentos rurais administrados por mulheres teve alta de 38% em um período de 12 anos, entre 1998 e 2020, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. São cerca de 1 milhão de mulheres à frente de empreendimentos. Apesar de obstáculos como desigualdade de gênero e diferença salarial, a presença feminina tem aumentado no setor graças a iniciativas como a Agrorigem, que potencializam empreendimentos liderados por mulheres em todo o país.

Outros grupos com ações semelhantes são Cerejas do Café, Cafeína Cocatrel, Mulheres do Café do Paraná, Mulheres do Café de Rondônia e Aliança Internacional das Mulheres do Café – IWCA Brasil, que levam oportunidades e capacitação para as produtoras.

Texto: Júlia Bonin / Entrevista: Patricia Travassos

Leia também: As redes de apoio na jornada de mulheres empreendedoras: Ainda que exista pouco espaço dedicado à mulheres empreendedoras, construir conexões é vital para alavancar negócios com a força das comunidades de inovação.

Deixe um comentário