Novas potências femininas da indústria agropecuária criam de sementes transgênicas a insetos feitos em laboratório
O conceito de biotecnologia é definido pela união das ciências biológicas com a tecnologia. Sua aplicação pode variar de acordo com a área, entre genética, saúde humana e animal e, de modo crescente, no meio agropecuário.
Um levantamento do Sebrae de 2022 afirma que o agronegócio brasileiro é comandado por cerca de 1 milhão de representantes femininas, além da presença em indústrias, laboratórios e cooperativas alinhadas ao setor, cobrindo cerca de 30% dos cargos. Entre elas estão Maria Araujo e Isabel Garcia, fundadoras da biofábrica Biotech Mudas. As cientistas utilizam da crescente biotecnologia para produzir mudas de plantas resistentes a pragas e doenças, que dispensam o uso de agrotóxicos.
Hoje doutoras e donas da única biofábrica do estado de Roraima, as empresárias Maria e Isabel são amigas desde a faculdade. Cultivando juntas o desejo de aplicar a biotecnologia para cultura de tecidos de plantas, produzem mudas certificadas, geradas em ambiente artificial e que, portanto, são mais resistentes, podendo ser transportadas com mais facilidade para outros estados e para fora do país. As plantas já nascem livres de doenças e pragas. Estudos comprovam que estas “supermudas” reduzem a necessidade do uso de agrotóxicos.
Tecnologia de biocontrole liderada por mulheres
Também aplicando a biotecnologia ao controle de pragas e redução de agroquímicos, Rízia Andrade aposta em tecnologia de ponta para produzir biocontrole: inimigos naturais dos insetos-praga que infestam plantações, feitos em laboratório. O crescimento de 21,6% do PIB brasileiro chamou a atenção de Rízia. Ela encontrou um mercado em expansão e um nicho que ainda não acompanhava seu crescimento. Segundo ela, a tecnologia de produção de insetos em ambiente controlado já existe há anos, mas ainda sem escala.
A BioGyn, empresa de biotecnologia de Rízia Andrade, trouxe essa tecnologia do meio acadêmico para ser um produto comercial. A garantia de que o inseto vai chegar no local com qualidade traz característica de inovação ao seu trabalho. A empreendedora faz parte do 57% das mulheres no agro que participam de grupos e associações do setor, segundo dados do grupo de pesquisa Fran6, sendo vencedora do Prêmio Mulheres Inovadoras da região Centro-Oeste.
“A visão do agro em relação às mulheres está diferente […] Estamos em um momento muito promissor. O que precisamos é de oportunidades para estar nesses espaços. Uma vez que a mulher chegue nesse espaço, seja como líder, representante, uma pesquisadora, ela é bem recebida” diz Rízia, em sua entrevista para o Inovar é um Parto.