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Brasileira cria tecnologia que salva bebês prematuros

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Dispositivo é o único que possibilita calcular a idade gestacional de recém-nascidos prematuros e tem pesquisadora brasileira à frente dos estudos

O Preemie-Test é um dispositivo não invasivo que mede a espessura da pele do bebê para determinar a idade gestacional do recém-nascido logo após o parto. A descoberta garante até 95% de precisão no cálculo da idade e possibilita estudar os efeitos da prematuridade na saúde, facilitando o desenvolvimento de novos tratamentos para prevenir complicações futuras.

Desenvolvido por Zilma Reis, professora do departamento de ginecologia e obstetrícia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com o astrofísico – e também brasileiro – Rodney Guimarães, o aparelho utiliza uma tecnologia à base de luz de LED e inteligência artificial para confirmar a idade gestacional, ou seja, após quanto quanto tempo de gestação determinada criança nasceu.

Em 2015, a Fundação Bill & Melinda Gates lançou a chamada para o programa Grand Challenges, para financiamento de pesquisas brasileiras no tema “prevenção e manejo de nascimentos prematuros”. O projeto em questão foi um dos aprovados. 

De lá pra cá, os pesquisadores deram sequência no desenvolvimento do produto e o teste já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Atualmente, discute-se sua incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS).

O dispositivo é semelhante a um termômetro digital. Por meio da reflexão da luz, uma LED infravermelha mede a maturidade da pele do recém-nascido, a partir do pé da criança. Somadas ao peso do bebê, essas informações são analisadas por um algoritmo de inteligência artificial. Em três minutos o resultado está pronto. A precisão do Preemie-Test é de até 95%, de acordo com estudo realizado com cerca de 800 bebês e publicado na revista científica Plos One.

Impacto na saúde de bebês prematuros

Em comunicado enviado ao portal Terra, os pesquisadores explicam que a pele do bebê prematuro é fina, e permite que a luz passe com facilidade. No caso de um bebê de nove meses, que nasce no momento ideal, a luz não penetra na pele da mesma forma. É com base nessa escala de maturidade da pele e na transparência à luz que a equipe identifica a situação do recém-nascido.

Os cientistas afirmam que a idade gestacional, no momento do parto, é a informação mais importante para determinar o prognóstico de um neonato. Conforme consta no site oficial da invenção, a correta identificação da idade gestacional ao nascer, quando os parâmetros clínicos e o ultrassom são inconclusivos ou não existem, pode auxiliar a equipe de saúde a tomar decisões para o melhor cuidado com o bebê.

Um em cada 10 bebês nasce antes de completar a 37ª semana de gestação, anualmente ao redor do mundo. Desses 15 milhões de recém-nascidos, aproximadamente 1,1 milhão não sobrevivem. Deles, 965 mil vão a óbito antes de 28 dias de vida. Os outros 125 mil acabam não resistindo entre o primeiro mês e quinto ano – o que faz da prematuridade a principal causa de morte infantil

No Brasil, o Preemie-Test é vendido pela Olidef, especializada no desenvolvimento, produção e comercialização de equipamentos médico-hospitalares. Quatro hospitais particulares mostraram interesse na aquisição, segundo Everton Buzzo, diretor de marketing e inovação da companhia, em entrevista para o blog NeoFeed. Uma unidade do aparelho custa R$ 20 mil.

Mulheres em ciência e tecnologia: um exemplo necessário

Apesar dos notáveis avanços no campo da Ciência & Tecnologia, é inegável que a área ainda se mostra predominantemente composta por homens. A presença de destaque da pesquisadora Zilma Reis como uma das líderes do projeto destaca a importância de promover o protagonismo das mulheres na inovação e pesquisa, desafiando as barreiras de gênero que persistem em muitos setores.

O sucesso da cientista não se trata apenas de um testemunho do seu próprio talento e determinação, mas também uma fonte de representatividade tão necessária para inspirar outras mulheres a acreditarem que também podem ser bem-sucedidas em um setor que é tão desigual quanto desafiador.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020), as mulheres representam 27% dos profissionais de ciência e tecnologia no país. Essa disparidade é ainda maior em certas áreas, como computação, onde as mulheres representam 15% dos profissionais. 

O setor também é dominado por homens nos Estados Unidos. De acordo com o U.S. Bureau of Labor Statistics (2022), as mulheres representam apenas 26% dos cientistas e engenheiros na força de trabalho do país.

O fato de uma mulher capitanear tamanha descoberta não é apenas uma exceção, mas um exemplo a ser seguido. Aumentar o interesse das mulheres em Ciência & Tecnologia desde jovens demanda modelos femininos, inspirações para as novas gerações, desafiando estereótipos e gerando mais oportunidades para explorar essas áreas.

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