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Startups voltadas à menopausa miram em um público poderoso

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Mercado de produtos e serviços voltados a esse período da vida da mulher deve chegar a US$ 24,4 bilhões até 2030

Episódios súbitos de ondas de calor – que não têm nada a ver com a crise climática – acompanhados de sudorese, palpitações no coração, vertigens e cansaço muscular. Esses são alguns sintomas da menopausa que marcam um processo de mudanças físicas e mentais em mulheres na faixa dos 45 e 55 anos de idade.

Durante muito tempo, a menopausa foi um tabu na sociedade. Pouco se falava sobre o assunto. Quando se falava, era de forma negativa, como se fosse um sinal de que a mulher estava perdendo sua importância. Mas com o aumento da expectativa de vida e a mudança dos hábitos femininos, a menopausa está ganhando novos significados. As mulheres estão vivendo mais e melhor, e estão percebendo que a menopausa não é um fim, mas um novo começo. 

A cada ano, cerca de 1,3 milhão de mulheres entram na menopausa nos EUA, segundo a National Menopause Foundation. Ainda assim, esse é um assunto considerado delicado, especialmente no ambiente profissional. Entretanto, iniciativas para acolher trabalhadoras que atravessam esse período são limitadas. E quando há pouca concorrência, existe sempre uma possibilidade de negócio.

De acordo com a consultoria Femhealth Insights, o mercado de produtos e serviços para menopausa deve crescer para US$ 24,4 bilhões até 2030. Esse é o setor de femtechs com maior potencial de crescimento, pois o mundo terá pouco mais de 1,1 bilhão de mulheres que passaram ou estão começando a sentir os primeiros sintomas do período.

Em 2022, as startups de saúde feminina (femtechs) receberam US$ 1 bilhão em investimento global. Desse total, US$ 49 milhões foram destinados a startups que desenvolvem produtos e serviços para tratar a menopausa. Esse valor representa um aumento de mais de 300% em relação ao ano anterior, quando US$ 12 milhões foram investidos nesse segmento.

Trabalhadoras na menopausa apontam falta de suporte por parte das empresas

O imaginário que se criou sobre a mulher que está nesse período é completamente diferente da realidade. São mulheres que estão no auge da carreira e da vida. Uma pesquisa do Bank of America com 500 profissionais de recursos humanos e 200 trabalhadoras de grandes empresas revelou que a menopausa é um tema ainda pouco abordado no ambiente de trabalho.

Mais da metade das funcionárias entrevistadas em fase pré e pós-menopausa relataram que a transição impactou negativamente seu trabalho. Além disso, 64% afirmaram que gostariam de receber benefícios relacionados à menopausa, mas apenas 14% disseram que as empresas em que trabalham reconhecem a necessidade desses benefícios. Os principais benefícios desejados são acesso a profissionais de saúde, horário flexível e cobertura para gastos com terapia de reposição hormonal.

A possibilidade de não sofrer os efeitos negativos da menopausa traz ainda mais potência para quem passa por esse período. Um levantamento da Plenapausa indica que 40% das mulheres já cogitaram pedir demissão por conta da gravidade dos sintomas da menopausa e mais de 50% sentem sua produtividade afetada.

Pró-aging: iniciativas brasileiras lideradas por mulheres

“Menopausa é vírgula, não ponto final”, afirma Márcia Cunha, cofundadora e CEO da Plenapausa, primeira startup brasileira focada nesse segmento. Em entrevista para a plataforma Fast Company, a empreendedora conta que a startup oferece produtos naturais para aliviar sintomas da menopausa, como os fogachos (chamados popularmente de “calorão”) e a insônia, além de um aplicativo para apoiar a atividade física e o monitoramento desses sintomas. 

“Existem sete vezes mais estudos sobre disfunção erétil do que sobre qualquer outra situação do universo feminino, como TPM ou menopausa”, diz Marina. A disfunção erétil é um dos sintomas da andropausa, período de queda da testosterona que ocorre em homens na faixa etária entre 40 e 55 anos.

Para enfrentar a desigualdade em relação aos homens, a abordagem das femtechs já tem até um nome: pró-aging. Não se trata de prolongar a juventude ou de combater os sinais do corpo maduro, mas de abraçar e aceitar o envelhecimento. “É uma fase muito potente para a vida da mulher. Ela tem bagagem, vivência e, pela primeira vez, pode transar sem risco de engravidar, que é um medo muito decisivo para a sexualidade”, diz a CEO da Feel, Marina Ratton. 

A Feel, startup de saúde sexual e bem-estar, prepara-se para lançar produtos exclusivos para mulheres acima de 45 anos. A empresa já conta com clientes nessa faixa etária e percebeu que elas têm necessidades específicas, como produtos que atendam às alterações físicas e hormonais da menopausa.

Texto Pedro Braga
Edição Mariana Mello

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