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Persora: inovação na gestão de pessoas é desafio para empreendedoras

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Com o objetivo de apoiar líderes, a capixaba Milena Nascimento criou a plataforma Persora

Filha de mãe bipolar tipo 1 e portadora de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) na infância, a capixaba Milena Nascimento nunca se deixou levar pela negativa vinda de outras pessoas. Na verdade, ela afirma ter se beneficiado da condição, que a levou a empreender com apenas 17 anos, muito antes de criar a sua atual empresa, a Persora.

“Com 17 anos, eu quis abrir um Centro de Distribuição para ajudar as mulheres do interior, onde eu morava, a ganhar renda a partir do seu trabalho. Me falaram que não [era possível] por causa da idade, mas eu me informei e vi que era possível se emancipar. Eu abri um CNPJ em 2001 e consegui ativar 3500 mulheres no interior do Espírito Santo”, conta Milena sobre sua primeira empresa.

Persora ajuda líderes na gestão de pessoas

Tanto neste empreendimento quanto no atual, a Persora, a empresária conta que experimenta obter o lucro como um resultado do impacto nas demais pessoas. “Eu tenho que resolver o problema de um grupo real. E a partir do momento desse impacto, o negócio tem que se sustentar, e parece que ecoa, essa é a lição que ficou [para mim]”, conta.

Levando isso em consideração, ao ver um estudo realizado pela Harvard Business Review, que descobriu que 75% dos colaboradores afirmam que seu líder é a pior parte do seu trabalho, Milena decidiu criar a Persora, que procura resolver o problema da produtividade. Ela é uma plataforma construída para ajudar líderes na gestão de seus funcionários, de forma que ele passe a ter uma agenda estratégica, e não operacional, e dar feedbacks personalizados para cada colaborador. Assim, o software ajuda a garantir alta performance dos times.

Ainda assim, dar o pontapé inicial para executar sua ideia foi um desafio pela situação do investimento em inovação e tecnologia do estado no qual vive.

“Os ecossistemas [de inovação] que eu mais participo são em Minas Gerais e São Paulo. E eu tinha um sentimento de: ‘Quando isso vai chegar aqui no Espírito Santo? Quando a gente vai ver eventos fomentando investimento e inovação? Ou conhecer venture builders [empresas que investem em startups]?”.

O Fundo Soberano ES fomentou a inovação no estado

No entanto, a situação mudou fortemente nos últimos três anos. Milena Nascimento conta que um momento de êxtase foi quando o estado criou o Fundo Soberano ES, em 2019, cujo objetivo é investir royalties do petróleo em inovação, visando o desenvolvimento de cadeias produtivas e oportunidades de investimentos, além de preservar o futuro das próximas gerações capixabas. Hoje, o Espírito Santo conta com mais de 140 startups, segundo um mapeamento realizado pela Startup Scanner.

“Isso atraiu muitos negócios de fora para cá e fomentou fortemente a inovação. Essa jornada ainda está bem no começo, mas eu vejo ela em um momento de expansão. Todo mundo passou da fase de torcer o nariz para a inovação e está na fase da curiosidade, com os primeiros casos de startups investidas se tornando referência nacional, o que cria referência e representatividade”, comemora.

Milena ainda fala sobre a necessidade de ter mulheres em ambientes de inovação tecnológica como uma forma de criar ambientes mais empáticos e colaborativos. Ela menciona o estudo realizado pela Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) no dia 26 de dezembro de 2022, que mostrou que as mulheres superam os homens em empatia cognitiva – aquela na qual se possui a capacidade de entender os sentimentos do outro.

Juntamente a isso, ela aborda o fato das mulheres serem introduzidas à tecnologia mais tardiamente que os homens, mas procura olhar o lado positivo: “Um ponto muito interessante é que nós, mulheres, tivemos um contato com a tecnologia mais lento. A gente não brincou de videogame, e sim de maternidade. Mas acontece que tem um lugar pra essa mulher. Eu fui jogada num time de engenheiros eletricistas, mecânicos e de dados, e eu acredito que a minha leiguice tecnológica fez a tecnologia deles ser acessível. Então é preciso ter autoconhecimento do projeto, de para onde ele vai nessa startup”, exemplifica ela.

Texto: Isabella Placeres / Entrevista: Patricia Travassos

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