Pensando na saúde e bem-estar de cães cegos, Luana Waldecy desenvolveu uma coleira inteligente que ajuda a locomoção dos animais
O mercado pet vem apresentando um crescimento expressivo no Brasil nos últimos anos, com faturamento superior a R$ 40 bilhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). No entanto, tutores de animais com deficiência ainda encontram poucas opções nas prateleiras para auxiliar seus pets a viverem uma vida mais autônoma. O nicho apresenta enorme potencial para o desenvolvimento de soluções de tecnologia ainda pouco exploradas pela indústria.
Luana Waldecy é formada em engenharia da computação e CEO da Blindog, uma startup de Natal (RN) que desenvolve a autonomia e o bem-estar de cães cegos a partir de um dispositivo com sensor que é colocado na coleira do animal. Ao identificar um objeto à frente, o aparelho emite vibrações leves que avisam o cachorro que ele está prestes a colidir com algo e, assim, ele entende e muda o percurso. Foram feitos diversos testes com relação à saúde dos animais, priorizando sempre a qualidade de vida e o conforto.
Apaixonada por animais, Luana sempre teve cães em casa. O pet que mais marcou sua vida foi uma cachorrinha que viveu 15 anos e, no fim da vida, enfrentou dificuldades com a visão e colidia com objetos da casa. Ao entrar na internet para buscar soluções para o animal, Luciana surpreendeu-se com a falta de produtos para esse nicho. Assim surgiu a ideia de fundar a Blindog. “Devem ter muitos outros cães como ela precisando de ajuda. Não é possível que não exista solução, nenhum tipo de ajuda”, afirmou.
Comunidades e aceleradoras de startups auxiliaram a Blindog
Apesar das dificuldades que acompanham o investimento em tecnologia e inovação fora do eixo, a empreendedora encontrou apoio no Jerimum Valley, a comunidade de startups do Rio Grande do Norte que ajuda a conectar pessoas e equipes para desenvolver ideias. O grupo também atende eventos para dar mais visibilidade às startups do estado.
“Se você for tentar empreender sozinho, a chance de dar errado é gigantesca. Quando você está com uma rede de apoio, as pessoas vão chegar para você e falar ‘Se inscreve no Startup Nordeste, você vai ter um apoio financeiro. Se conecte com fulano de tal, porque ele tem um negócio parecido com o seu’. E isso pode gerar uma parceria para vocês crescerem juntos, então é muito importante estar conectado.”
Além disso, Luana e sua sócia, Natália Dantas, contaram com o apoio de aceleradoras para a viabilização do projeto. Logo após a parte de incubação, a dupla já partiu para as acelerações. A InovAtiva Brasil, maior aceleradora do Brasil, garantiu uma ampla rede de contatos que possibilitou a venda do produto para todo o país. Já o Be Dream, programa internacional, escolheu nove empreendimentos brasileiros para o programa, entre eles a Blindog, o que garantiu contatos com possíveis parceiros.
Com o apoio do Sebrae participaram do Centelha, que possui um edital de bolsa para a startup e do Startup Nordeste, também com um edital de tarefas para concretizar o negócio, contato com mentores e bolsa para que o empreendedor consiga se sustentar e focar no projeto em desenvolvimento.
Texto: Júlia Bonin / Entrevista: Patricia Travassos
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