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Lute como uma ciclista: e-commerce esportivo contra o assédio

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Do ativismo ao empreendedorismo: a ciclista Fernanda Dias criou e-commerce com propósito social para denunciar o assédio que sofrem mulheres que praticam esporte ao ar livre

Pesquisa divulgada pela organização ActionAid mostrou que 86% das mulheres brasileiras sofreram assédio em público. Por trás da estatística elevada, existem pessoas que enfrentaram esta situação delicada na pele, como é o caso de Fernanda Dias. Após levar seu caso para as redes sociais, ela percebeu que não estava sozinha, e decidiu criar a marca Deixa Ela Treinar, um e-commerce com propósito social.

“Eu sou ciclista e sofri assédio treinando. Quando isso aconteceu, eu pensei: ‘Poxa, por que para a gente, mulher, já é tão difícil sair para treinar por conta de filho, casa e trabalho, e mesmo assim ainda tem que se preocupar se a gente vai conseguir voltar para casa?’. Principalmente a mulher que treinar outdoor [em ambientes externos], que passa por trilhas e percursos distantes, às vezes sozinha. E esse não foi nem o primeiro e nem o último dia que isso acontece na vida de uma mulher”, comenta ela sobre as dificuldades deste grupo ao treinar qualquer modalidade esportiva.

A partir da hastag Deixa Ela Treinar nasce um e-commerce

Depois de levar a situação para as redes sociais, surgiu a hashtag “Deixa Ela Treinar”, e Fernanda acabou transformando esse ativismo em empreendedorismo, criando uma marca de roupas esportivas para defender o direito das mulheres se cuidarem e mostrarem sua força. 

Além da situação de assédio vivida, Fernanda levou em conta os obstáculos que as mulheres enfrentam para treinar. Segundo a pesquisa Vigitel de 2021, do Ministério da Saúde, 31,3% das mulheres brasileiras praticam, no mínimo, três horas de atividade física moderada por semana. A porcentagem do mesmo grupo entre homens é de 43,1%.

Ao começar no mercado de negócios, ela se deparou com uma nova camada do machismo: a de empreender como mulher e mãe solteira.

“Eu sou mãe solo desde os 20 anos e existe muito aquela dúvida de se a mulher vai dar conta desse processo do empreendedorismo, além de ser mãe solteira também. Você é questionada: ‘Com quem você vai deixar o seu filho para trabalhar?’, e se você não tem com quem deixar, é uma culpa que a gente carrega, Só que, na verdade, é meu filho que faz eu correr atrás disso tudo”

E-commerce conseguiu recursos no Shark Tank Brasil

Ela conta que seu investimento inicial foi de apenas R$ 150, mas conseguiu mais recursos ao participar da quinta temporada do programa ‘Shark Tank Brasil’, no qual seu projeto chamou a atenção de Carol Paiffer, fundadora e CEO da Atom S.A. (ATOM3), uma empresa de capital aberto que trabalha com investimentos na Bolsa de Valores.

Fernanda conta que, atualmente, o Deixa Ela Treinar vende roupas esportivas e promove desafios virtuais com o objetivo de incentivar mulheres a fazerem atividades físicas dentro das possibilidades de suas rotinas. Assim, atende ao propósito da marca de cuidar da saúde e da qualidade de vida da mulher, que costuma deixar a saúde física em segundo plano. 

Quanto ao futuro da marca, ela adianta: “Agora a gente [eu e Carol Paiffer] está fazendo um rebranding da marca. Tiramos a hashtag e o projeto é reduzir o nome, mas manter como slogan “Deixa Ela Treinar”. Dias também conta que elas buscam ganhar escala no mercado, buscando conectar a marca com grandes players e expandir vendas no B2B (venda para outros negócios).

Por fim, Fernanda Dias comenta sobre onde está a potência de seu negócio: “Nós somos um e-commerce e, pelo fato de ser uma marca com propósito, ela tem potencial de escalabilidade muito grande, principalmente via rede social e influenciadoras digitais, que se comunicam por causa da marca e se sentem representadas por ela”.

Texto: Isabella Placeres / Entrevista: Patricia Travassos

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