Inove Now, da comunicadora Vanessa Pessoa, oferece mentoria digital, conteúdo escalável e de fácil acesso em gestão para quem quer crescer com o próprio negócio
Como reduzir o distanciamento entre professor e aluno, transformando o aprendizado em um processo de impacto real no desenvolvimento das pessoas? Foi essa inquietação pelo conhecimento que levou Vanessa Pessoa a sair do interior da Paraíba e construir uma plataforma de mentoria digital.
No interior da Paraíba, em uma cidade com pouco mais de 14 mil habitantes chamada Jacaraú, cresceu Vanessa Pessoa. Hoje, ela é a CEO fundadora da Inove Now, startup de mentoria digital voltada para educação empreendedora. No entanto, com doze anos já tinha enxergado uma oportunidade para empreender. Ao contrário das mulheres do seu convívio, que complementavam suas rendas revendendo produtos de marcas de beleza conhecidas, ela começou a jornada empreendedora vendendo fogos de artifício.
Aos dezenove anos, seus horizontes se expandiram. Foi para João Pessoa estudar Relações Públicas. Entendeu a teoria, mas não conseguiu aplicar o método: a capital não oferecia muitas oportunidades no mercado regional. E assim começa sua procura por se entender dentro do universo empresarial. “Aquela inquietação me fez buscar mais conhecimento”, explica.
Conta que o livro “O segredo de Luísa”, de Fernando Dolabela, indicado por sua professora na época, foi determinante para se perceber como uma mulher capaz de empreender. “Ela [a protagonista] transforma o sonho dela de levar uma receita da goiabada cascão para o mundo. [Enquanto] eu fui aprendendo sobre isso, eu digo, ´poxa, eu posso criar alguma coisa, eu posso construir meu próprio negócio sem precisar trabalhar para alguém´”.
Até que chegasse no case da Inove Now, o seu primeiro projeto de startup não teve êxito. Outro desafio foi a questão da localização: morava longe do eixo Rio-São Paulo e carecia de conexões que pudessem indicá-la para as aceleradoras e investidores. “O desafio era bem grande. Para acessar esse nível de conhecimento e também [porque] se ninguém está chancelando ali que você é um bom empreendedor, é muito difícil você fazer isso sozinho.”
InoveNow: mentoria digital para empreendedores
Mas não desistiu. Foi durante sua segunda graduação, em um curso de exatas, que percebeu a lacuna dentro das salas de aula entre o aprendizado e sua aplicação fora da faculdade. “Enxerguei esse distanciamento e a dificuldade dos professores de engajar os alunos”, ela destaca, lembrando que já se sentia com experiência suficiente para dizer que o aprendizado que mais havia feito diferença na carreira havia sido sobre empreendedorismo.
“Foi por isso que eu decidi colocar toda a minha energia em fundar uma empresa que pudesse trabalhar a educação empreendedora para fazer diferença.”
Vanessa define a Inove Now como “um universo colaborativo de aprendizagem que impulsiona pessoas”. A startup iniciou sua atuação no mercado como um negócio voltado para dar mentorias, mas atualmente possui uma plataforma que dissemina conhecimento sobre empreendedorismo de forma escalável e automatizada. Por meio de workshops e projetos, ela cria um ecossistema de inovação, conectando “empreendedores que estão em todo o Brasil com empreendedores que estão começando”, detalha.
O impacto em outras startups
A empresa já teve mais de dez mil alunos e quase duas mil startups impactadas com seu método de aprendizado. São disponibilizados, no site, dois planos de aceleração de negócios, adaptados a quanto o cliente deseja investir. São eles: o “Up Now!” e o “Growth Now!”, que dão acesso à plataforma com ensinamentos personalizados, diagnósticos sobre os respectivos negócios e conexão com especialistas da área para compartilhamento de informações do mercado e estratégias de validação e monetização.
E ter esse começo impulsionado é o que, muitas vezes, as mulheres precisam para começarem seus empreendimentos. Segundo o levantamento “Female Founders Report”, realizado pelas empresas apoiadoras de projetos inovadores Distrito, Endeavor e B2Mamy, em 2021, apenas 4,7% das startups com bases tecnológicas são fundadas por mulheres. Para Vanessa, esses índices estão relacionados com a falta de incentivo para que elas ocupem espaço no mercado da tecnologia, atualmente dominado por homens.
É através do reconhecimento da classe feminina de que podem estar nesses locais – mesmo não sendo especialistas em todas as áreas necessárias para construir um empreendimento – que reside o otimismo da CEO. “O fato de haver mais mulheres incentivadas a empreender pode gerar essa motivação de ‘puxa, não preciso saber de tudo. Eu só preciso ter ao meu lado pessoas que sejam complementares à minha experiência.”
Texto: Maria Edhuarda Gonzaga / Entrevista: Patricia Travassos
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