Documentário mostra o poder da tecnologia para a inclusão e a igualdade de gênero
Texto Pedro Braga
Edição Mariana Mello
Somente por meio da imaginação é possível vislumbrar um futuro melhor. Nesse sentido, o documentário “Cibernéticas” (2023), dirigido por Graziela Mantoanelli, é um manifesto pela inclusão digital feminina. Disponível no Globoplay, o filme apresenta histórias reais de mulheres que estão impactando o mundo com a tecnologia, em áreas como inteligência artificial, programação, segurança cibernética e biotecnologia.
O filme conta com patrocínio da Unisys, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, e traz depoimentos de depoimentos de mulheres que se destacam na área: como Aildes Monteiro (Gerente de Projetos na Unisys), Camila Achutti (fundadora e CEO do MasterTech ), Emmanuelle Richard (desenvolvedora de fintech), Isabelle Christina (líder do Projeto Meninas Negras), Liane Tarouco (professora da UFRGS e precursora do movimento de internet no Brasil), Silvana Bahia (coordenadora do PretaLab) e Soraya Medeiros (doutoranda em ciências da computação no Instituto Metrópole Digital em Natal – RN).
Além do filme, o projeto inclui outros conteúdos: podcast, reportagens e ação educativa, com exibição e debates do filme em escolas em todo o Brasil. As histórias narradas mostram que houve um aumento da presença delas em relação aos homens, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido na direção da equidade.
Inclusão digital para mulheres
“Cibernéticas” é um retrato inspirador de mulheres que estão transformando o mundo por meio da inovação tecnológica. A presença feminina no ecossistema tecnológico funciona não somente como uma questão de equidade de gênero, mas também como um meio para reduzir as diferenças existentes no mercado de trabalho.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), há um crescimento de 60% na participação feminina em Tecnologia da Informação (TI) entre 2014 e 2019. No entanto, apenas 20% da força de trabalho em todo o setor de tecnologia é composta por mulheres e isso mostra o quanto a inclusão digital e a igualdade de gênero ainda são desafios cruciais.
Nesse contexto, inclusão digital é uma necessidade premente, especialmente para pequenas empreendedoras e profissionais que não têm acesso a formações especializadas em tecnologia. O mercado atual exige profissionais altamente qualificados, tornando o acesso a oportunidades de trabalho ainda mais desafiador, em um setor que é amplamente dominado por homens.
Histórias da vida real
O investimento em educação e capacitação é um exemplo de trabalho para superar esses desafios. A MasterTech, iniciativa de Camila Achutti (foto), oferece cursos e programas para mulheres que desejam ingressar na área. A empreendedora participa do documentário com um depoimento sobre sua plataforma de educação em programação.
Esse empenho em transformar a “tecnologia em um meio, e não um fim”, segundo ela mesma, é o que faz de Camila Achutti uma referência mundial na inclusão digital de mulheres, o que rendeu o prêmio Women of Vision de 2015, sendo a primeira estudante latina a receber a honraria.
A respeito das diferenças no acesso à educação digital, a empreendedora afirma: “A tecnologia deixa de ser um suporte à criação de novos negócios, de novas soluções, e passa a ser mais um parâmetro de desigualdade, que é o que foi a leitura e escrita em tempos mais remotos. E essa é a pauta da MasterTech, desmistificar e tornar a programação e a tecnologia mais acessíveis”.
Iniciativas como essa demonstram que as mulheres não apenas pertencem a esse campo, mas também têm um papel crucial a desempenhar no desenvolvimento social, econômico e cultural, tornando a inclusão digital essencial para a igualdade de gênero e o progresso da sociedade como um todo. Assim, o filme é um convite para que espectadores possam ver para acreditar na mudança – e também agir em direção a um futuro mais inclusivo e igualitário no universo da tecnologia.
Assista também: Tecnologia e inclusão digital: ferramentas para o empreendedorismo feminino, com Camila Achutti